quinta-feira, 7 de março de 2013

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DISSERTAÇÕES DE MESTRADO
Fonte:http://www.uva.br/trivium/edicoes/edicao-i-ano-iii/resumo-das-dissertacoes/2-entre-a-imagem-e-oreflexo-a-escola-vista-de-fora.pdf

Entre a Imagem e o Reflexo – a escola vista de fora
Autora: Claudia Tadéa Ferreira de Jesus
Orientadora: Fátima Gonçalves Cavalcante
Data da defesa: 17 de dezembro de 2010
Palavras-chave: desigualdade social, cultura escolar, adolescência, inclusão e prática pedagógica.

Em duas décadas de trabalho em escola pública, percebemos que alunos de comunidades com
fortes desigualdades sociais apresentavam dificuldades para se adaptar à cultura escolar. Chamou
nossa atenção o baixo desempenho, indisciplina, reprovação e evasão escolar. Nosso olhar, ao invés
de focalizar esses alunos na escola, deslocou-se para conhecê-los na comunidade. Neste outro
território, investigamos como a escola é vista no cotidiano deles. Assim, nos colocamos diante de
múltiplas imagens que refletiam a escola vista de fora, através de olhares invertidos, nos permitindo
construir um tipo de escuta que nos levou a examinar e confrontar discursos, revisitar imagens de si
e do adolescer, da comunidade, da escola e dos professores. Para tal, construímos uma metodologia
de pesquisa qualitativa que entrelaçou conceitos da Pedagogia, Psicanálise e Sociologia.
Nosso objetivo foi compreender o sentido da cultura escolar para um grupo de alunos de doze
anos e analisar discursos, subjetividades e práticas sociais. Fizemos um estudo de caso que
envolveu: análise histórico-social de uma escola pública; pesquisa-ação com 10 alunos adolescentes
na comunidade em que vivem; grupos de reflexão com 8 professores. Entrevistas, atividades
expressivas, filmes, imagens e livros de história foram utilizados como disparadores dos discursos.
Esse processo também envolveu produção fotográfica e filmagem.
Uma análise histórico-cultural da comunidade e da escola foi feita à luz da Sociologia da
Educação de Pierre Bourdieu. A história da Psicanálise na escola foi revisitada, e a adolescência foi
repensada à luz da Psicanálise, através das categorias de sujeito, subjetividade e estádio do espelho
de Lacan. Concluímos que os capitais social e cultural dos adolescentes e de seus pais se contrastam
com os capitais simbólico e linguístico legitimados na escola. Estranhezas e curiosidades foram
despertadas em sujeitos historicamente silenciados. Foi possível interrogar as polaridades
“aprendizagem x carência”; “pobreza x desinteresse”; “pobreza x cognição”; “ação pedagógica x
fracasso escolar”. O estudo permitiu reconstituir imagens, antes esfaceladas, através de dizeres e
silêncios, apontando novas práticas pedagógicas que acolham sujeitos. Ao se olhar no espelho, “a
escola” pode reconhecer suas contradições. Como produtos da pesquisa destacamos a utilização de
grupos de reflexão com professores e alunos dentro da escola como espaço de construção de novas
abordagens que possam tornar a escola mais inclusiva e a produção de um vídeo-documentário com
depoimentos dos alunos.

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